quarta-feira, 19 de junho de 2024

 

A escola e a Aba

Sem isso não é ABA, sem aquilo não é ABA, sem aquilo outro também não é ABA.

Quando a escola faz ABA?

Partindo desse pressuposto, nunca.

Vivencio muitas críticas a escola, mas como pensar em ABA na escola com a realidade escolar de hoje em dia. Aqui, falo de escolas públicas que na maioria das vezes tem quantidade numerosa de alunos em sala, média de 35 e um apoio humano.

As ações dos estudantes, vistas de forma negativa, nunca foram vistas como comportamentos e sim delitos e são mensuradas pela quantidade de folhas no livro preto. Na escola comportamento é quando agimos conforme as regras determinadas, é ser uma criança que todos “amam”.

As ações vistas como negativas na escola, saem deste círculo do comportar-se.  Nesse caso, comportamentos emitidos, sempre são ruins.

O que não é permitido, mas é feito na escola, como estar correndo e derrubar um colega, não é comportar-se. Ações como essas, não são vistas como comportamentos, e sim infrações passíveis de sofrerem punições.

Sem gráfico não é ABA, sem gráfico não há ensino?

É comum os professores medirem o progresso do aluno no que tange a leitura e escrita, através de gráficos feito à mão*. Com o crescente acesso à tecnologia, registros online têm sido usados nas escolas para acompanhamento da aprendizagem do aluno, através dos dados colhidos.

O grande entrave está, acredito eu, em como esse recurso é utilizado. O que a escola faz com os resultados obtidos?

Esses dados têm servido à escola como algo para validar o fracasso escolar. É comum ver estudantes avaliados no início do fundamental, com déficits em várias áreas do conhecimento, mas estas crianças estão no 1º ano, “vamos aguardar mais um pouco”, é dito. Esses déficits só pioram, porque o professor sozinho, não consegue intervir nas dificuldades desse aluno. Ano após ano este aluno é encaminhado para algum projeto de recuperação da escola, que  não recupera nada, pois a intervenção para as pessoas com autismo é outra e esse conhecimento continua fora da escola. Infelizmente, esse aluno chega ao final do fund I com a mesma defasagem apresentada no 1º ano.

Ouvimos críticas a todo momento sobre a escola, porém não vejo essas pessoas contribuindo com nossa  educação ou saúde pública  com os conhecimentos que dizem ter. Estão em clínicas  particulares, alguns fazendo um bom serviço, porém somente para os privilegiados



 

É IMPRESSÃO MINHA OU A BOLHA ESTÁ ÁCIDA?

O PORQUÊ DA MINHA PERGUNTA?

Quando abro o instagram tenho visto pessoas que na “defensiva”, estão “ácidas”, agressivas na sua fala no seu falar.

Não sou a favor das pseudociências, muito pelo contrário, mas respeito quem acredita nelas, apesar das evidências provando o contrário.

Tenho amigos que acreditam que subir num certo monte, as respostas aparecem. Pessoas que acreditam que, apesar das evidências, o canabidiol tem feito a diferença na vida dos filhos e se uma mãe fala que está fazendo a diferença eu acredito, pois ela melhor que ninguém conhece o filho e se ela foi atrás dessa solução é porque a ciência não é acessível.

Minha mãe nos levava a uma benzedeira que resolvia qualquer mal. Benzedeira essa que, com um machado na mão e correndo atrás de uma criança de 1 ou 2 anos, acreditava que a criança andaria melhor e minha mãe também.

Conheço pessoas que diante de um bebê com soluço, coloca um pedaço de lã na testa da criança. Pessoas que acreditam que um certo chá emagrece ou como minha finada madrinha que acreditava em colocar um chumaço de seus cabelos lisos, na minha cabeça, faria eu não ter cabelos crespos. Uns, hoje chamam isso de racismo estrutural, outros de ignorância e eu chamo de crença, fé.

Hoje, os phd’s falam que é ignorância das pessoas. Ignorância, pois existem as práticas com evidências que provam o contrário, mas que ciência é essa que está restrita a algumas pessoas que acreditam que, oferecendo um curso gratuito, está levando a ciência para além da bolha?

O respeito não vem da cultura, o respeito deveria vir destas pessoas que detém o conhecimento, que detém a ciência dentro da redoma.

Tenho visto pessoas que falam que sem isso não é ABA, sem mestrado não é ABA, sem certificação não é ABA.

O que é ABA? Vão falar que é uma ciência que estuda o comportamento dos organismos,  que só acontece porque é reforçado pelas suas consequências. Acham que minha mãe ou madrinha compreenderiam essa explicação? Não.  Esses phd’s se referem a uma ciência elitizada, onde o sucesso da sua aplicação não está nas camadas pobres, não está nas escolas publicas ou na saúde pública.

 Algo e pessoas que eu admirava, só me decepcionam com a arrogância e a acidez que transmitem.

Lembro-me de uma antiga diretora que falava que a escola que trabalhávamos , era a "porta do inferno". Ela saiu das escolas regulares, acreditando que na Educação Especial tudo seriam flores. Ledo engano. Não era e sim é a "porta do Inferno". Parece que nada se resolve nunca, nosso discurso é o mesmo de 35 anos atrás. Hoje entendo essa diretora.

Conheci a ABA. Eu a via como algo  que  resolveria alguns problemas da escola, que sempre estavam em pauta das queixas escolares. Meu ledo engano novamente. Adoeço, fico indignada com o que vejo. Não, não vejo uma saída cor de rosa e nem cheia de unicórnios coloridos. Quando abro a porta da ABA, o que vejo não é legal! Ironia, desrespeitos, autopromoção . Aliás se eu fosse apelidar a porta da ABA, o apelido seria  "Seitaba", porque vejo  pessoas seguindo seu mestre de olhos fechados, concordando com tudo que ele fala. Discorda, pra ver a guerra instalada.

Continuo aconselhando  a Aba como tratamento do autismo e outros transtornos. Dissemino a  Aba e suas estratégias para o ensino e aprendizagem do aluno, mas hoje evitando falar "ABA", mas sim estratégias possíveis e validadas cientificamente.






Como Sartre e Skinnner interseccionaram suas idéias com minhas reflexões?

    Hoje, estava refletindo sobre como era o ensino da autonomia na Escola Especial que conheci nos anos 90 e como é hoje esse ensino. ...